segunda-feira, 25 de abril de 2022

Celebrar Abril é homenagear a resistência, a luta, a liberdade e a democracia


A deputada da CDU - Coligação Democrática Unitária na Assembleia Municipal da Maia, Carla Ribeiro, afirmou hoje que "Abril foi e é também património dos que sempre defenderam a paz, a resolução pacífica de todos os conflitos, o anticolonialismo contra o imperialismo e o militarismo".

Carla Ribeiro, que intervinha na sessão solene da Assembleia Municipal comemorativa do 48.º aniversário do 25 de Abril, salientou o papel de milhares de comunistas e outros democratas na resistência ao fascismo, na preparação das condições para a Revolução e nas transformações que ela tornou possível.


Intervenção de Carla Ribeiro

Celebrar o 25 de Abril e o seu 48.º aniversário é celebrar e homenagear todas e todos aqueles que, através das mais variadas formas, desde a luta política, laboral, social e cultural, combateram a Ditadura, o Fascismo, a Censura e a Guerra Colonial, entre os quais se destacam os militantes do PCP e outros democratas, cujas vidas foram ceifadas, como Bento Gonçalves, Dias Coelho, Bento Jesus Caraça e Catarina Eufémia, ou os que, não perdendo a vida, sofreram as mais violentas sevícias às mãos da PIDE/DGS: como as 1755 mulheres presas (sg. registos T.T); os 2510 presos na Cadeia-fortaleza de Peniche; os 340 antifascistas e os 230 anticolonialistas presos no Tarrafal, ou os 30 mil presos que passaram pela Prisão do Aljube e os muitos e muitas mais que havia para enumerar. Celebrar Abril é também homenagear aqueles 800 mil homens, muitos deles na flor da sua juventude, mobilizados para combater numa Guerra Colonial injusta, ilegítima e indesejada.

Celebrar Abril, exige também, mais do que nunca, relembrar o que foi o Fascismo e o que este significou:
  • a negação das liberdades políticas e individuais;
  • as perseguições, as prisões, as torturas e os assassinatos de opositores políticos;
  • décadas de miséria, de pobreza generalizada, de analfabetismo, de falta de cuidados de saúde;
  • de discriminação legal das mulheres;
  • de corrupção como política de Estado por via da captura e fusão do poder político com o poder económico;
  • de atraso económico e de saque de recursos nacionais a favor dos monopólios e latifundiários e da acumulação de fortuna por um punhado de ricos e poderosos;
  • de colonialismo, racismo e de guerra.
Celebrar Abril é combater o seu branqueamento e as tentativas de apagamento da sua natureza e alcance das suas conquistas e obreiros, é combater as tentativas de reescrever ou adulterar a História.

Celebrar Abril é ter memória que Abril é fruto de todo um longo percurso construído pela luta de massas da classe operária, da juventude, do povo e de uma profunda resistência e abnegada dedicação à luta pela democracia e liberdade de comunistas e de outros democratas.

Celebrar Abril é relembrar que a força do Povo e das suas aspirações e anseios, e que desde cedo se materializou na aliança POVO-MFA, foram mais fortes do que aqueles que se lhes opunham, que nunca se conformaram e que, ao longo destes quase 50 anos, se desdobram em esforços para destruir, limitar, reduzir e retroceder as conquistas que a Constituição da República Portuguesa consagrou.


A geração, filha de Abril e das suas conquistas, da qual faço parte, foi a primeira a usufruir daquilo que ficou consagrado na Lei fundamental do nosso País - a Constituição da República: o acesso universal à Saúde, à Educação, a uma Habitação condigna, à protecção social na doença, na parentalidade, no desemprego, a um Emprego com Direitos.

Para esta geração, filha de Abril, comemorá-lo é também sinónimo de luta, pois alguns inimigos da Revolução, mesmo que dissimulados e enfeitados de cravo na lapela, ao longo das últimas décadas, tudo têm feito para impôr retrocessos nessas conquistas contrariando e amputando no seu âmago a própria Constituição Portuguesa em sucessivas revisões ou na sua prática de políticas de direita:

  • no campo laboral onde impera a precariedade, os baixos salários e os horários desregulados, deixando-nos muitas das vezes a emigração como alternativa;
  • no campo da justiça, em que o acesso, na prática, é desigual e o tempo demasiado longo;
  • no campo da educação, onde o desinvestimento em recursos humanos (docentes, não docentes, equipas multidisciplinares) e materiais tem agravado a sua qualidade, em que o acesso ao ensino superior ainda é só para alguns, devido ao valor das propinas e a dificuldade de aceder a bolsas ;
  • no campo da saúde pública, que, apesar de sofrer desde há largas décadas desinvestimentos em recursos humanos e materiais, mostrou durante a pandemia ser o pilar fundamental;
  • no campo da Habitação, problema que continua por resolver, com dezenas de milhares de famílias e jovens sem condições para aceder a uma habitação a um valor que possam pagar, fruto da especulação imobiliária, mas também do desinvestimento em políticas públicas de habitação;
  • no campo da Cultura, que continua sem ser dotada de 1% do PIB, contribuindo assim para o empobrecimento cultural.

Como herança para gerações atuais e futuras, Abril deve ser “a madrugada que esperávamos, o dia inicial inteiro e limpo” e não “a noite e o silêncio” de onde emergimos do passado travestido de modernidade, como muitos agora tanto querem fazer crer.

Abril foi e é também património dos que sempre defenderam a paz, a resolução pacífica de todos os conflitos, o anticolonialismo contra o imperialismo e o militarismo. E sendo o PCP um dos seus obreiros, por mais que tentem apagar ou silenciar o papel determinante que teve, este partido esteve e estará sempre do lado da PAZ, da resolução pacífica de todos os conflitos, do desarmamento e da dissolução dos blocos militares e imperialistas, da cooperação e da solidariedade com todos os povos e trabalhadores.


25 de Abril, Sempre!

Fascismo, nunca mais!

Viva o 25 de Abril!