sexta-feira, 25 de fevereiro de 2022

Situação do concurso de transportes dá razão à CDU

 


A CDU afirmou, nesta sexta-feira, na Assembleia Municipal, que a situação do concurso para a concessão do serviço público de transportes rodoviário de passageiros na Área Metropolitana do Porto confirma que o PCP e a CDU tinham e razão quando alertaram, em sucessivas ocasiões, para os riscos desse processo, voltando a defender a STCP como operador interno na região.     



Intervenção de Carla Ribeiro


adenda ao contrato inter-administrativo relativo ao serviço público de transportes rodoviários na Área Metropolitana do Porto é mais um incidente no acidentado processo de concessão deste serviço aos operadores privados que está muito longe de terminar.

Mais uma vez, os órgãos deliberativos da AMP são confrontados com factos consumados: neste caso, a urgência de caucionar um ajuste directo com a operadora Transdev – a única, segundo se alega, que dispõe de meios com a prontidão necessária para substituir a transportadora Arriva, que decidiu abandonar a operação num conjunto de linhas que abrange também o concelho da Maia.

Trata-se, alega-se também, de evitar a ruptura no serviço às populações abrangidas e de garantir-lhes o transporte no período transitório até estar concluído o processo da concessão do serviço público.

Trata-se, contudo, de um processo que nasceu torto e que muito dificilmente ou jamais vai endireitar-se.

O próprio vereador com o pelouro da mobilidade e transportes reconhece que tal processo “não tem fim à vista”, como escreve na proposta sobre serviços mínimos a discutir no ponto 3.17, e que enfrenta obstáculos sérios, incluindo no seio da AMP, nomeadamente por parte do Município de Gondomar, que “se manifestou contra o procedimento concursal”.

Na melhor das hipóteses, e se o concurso for até ao fim, este “processo inquinado”, como reconhece o senhor vereador, não estará concluído antes de um a dois anos…

Não é nada que surpreenda a CDU.

Em inúmeras ocasiões, nesta Assembleia e fora dela, o PCP e a CDU advertiram para o erro e para os riscos que a aventura da concessão do serviço público de transporte rodoviário de passageiros na AMP representaria, representa e continuará a representar.

Face à situação de extrema urgência que, vistas as coisas, se nos coloca, não restará outra saída senão a de não nos opormos à solução transitória que a Assembleia se vê forçada a adoptar.

Mas não deixamos de voltar a colocar sobre a mesa a imperiosa necessidade, que sempre defendemos, de instituir a STCP como operador interno de toda a Área Metropolitana, com a responsabilidade pela gestão e coordenação integrada da operação em toda a rede, ainda que, numa fase transitória, eventualmente com recurso à contratualização de meios (autocarros e motoristas) com empresas privadas.

Por outro lado, coloca-se a necessidade de uma sessão desta Assembleia dedicada à análise detalhada da situação e perspectivas do concurso para a concessão, incluindo com o fornecimento, pela Câmara Municipal, de todas as informações disponíveis sobre este dossiê.