sexta-feira, 9 de julho de 2021

CDU critica baixa recolha de óleos usados e resíduos orgânicos

 

Na Maia, há apenas 34 "oleões" em espaços públicos

O Grupo Municipal CDU considerou, hoje, na Assembleia Municipal, que o reduzido número de contentores de recolha de óleos alimentares usados é muito baixo, comprometendo o desempenho ambiental da Maia, e que o concelho corre o risco de não conseguir recolher selectivamente todos os resíduos orgânicos a partir de 2023, como está obrigado.  

 

Intervenção de Alfredo Maia


Do relatório e contas da Maiambiente, começamos por salientar a notícia de que foi “lançado o procedimento para o concurso público internacional destinado à subcontratação de serviços de recolha numa área do concelho, segundo as novas orientações em matéria de serviços, inovação tecnológica e sustentabilidade ambiental”.

Concretamente, Senhor Presidente, 

-  De que área se trata?

- Quem deu as referidas novas orientações?

- A que serviços concretos se refere?

- Por que razões não são directamente assegurados pela Maiambiente?

Como já referimos em diversas ocasiões, a CDU discorda frontalmente da política de subcontratação de serviços e da crescente desmunicipalização das responsabilidades que ao Município cabem.

Mas sobretudo sempre discordou de um modelo que, sob a figura das empresas municipais, subtrai ao efectivo controlo democrático – designadamente pela Assembleia Municipal – a gestão de serviços que deveriam permanecer na sua esfera directa.

 

Em relação à actividade concreta da Maiambiente, devemos salientar a baixa cobertura em termos de recolha de óleos alimentares usados, que representam um sério problema, não só em termos ambientais, mas também para as redes de saneamento e para os próprios sistemas de tratamento de águas residuais, ao mesmo tempo que constituem um recurso disponível na incorporação em biocombustíveis, contribuindo para poupar importantes áreas agrícolas dedicadas à produção de oleaginosas – especialmente soja – destinadas a este tipo de combustível.

Segundo o relatório em apreço, o Município dispõe de apenas 34 contentores em espaços públicos e 205 noutros tantos edifícios. É muitíssimo pouco, se queremos afirmar a Maia realmente na vanguarda do desempenho ambiental.

Como é muito reduzido o número de pontos de recolha de resíduos orgânicos, que em 2020 pouco cresceu. Vejamos a evolução:

- Em 31 de Dezembro de 2016, havia 201 pontos de recolha não residenciais e zero residenciais;

- Em 2017, havia 212 pontos não residenciais e zero residenciais;

- Em 2018, havia 220 não residenciais, passando a haver 512 residenciais;

- Em 2019, o número de pontos não residenciais era de 230 e os residenciais ascendia a 560.

- No entanto, em 2020, os não residenciais recuaram para 225 e os residenciais mantiveram-se nos 560.

A dois anos de ser obrigatória a recolha de biorresíduos em todo o concelho, estes dados significam um esforço muito lento na implementação de um programa robusto com vista a esse objectivo.

É certo que o documento em apreço refere uma candidatura ao POSEUR para a recolha de resíduos alimentares em seis mil fogos em edifícios de habitação unifamiliares e 16 mil em edifícios de habitação multifamiliar.

Se se concretizar – e esperemos que concretize rapidamente – esse volume de pontos estará ainda longe do objectivo desejável e obrigatório…

 

Finalmente, algumas palavras sobre a importância do subsídio à exploração, no valor global de 2,8 milhões de euros, aprovado há um ano por esta Assembleia perante o risco de entrada da empresa em exercícios negativos, replicando a derrapagem de quase um milhão de euros ocorrida no ano de 2019.

O exercício de 2020 agora em apreço registou um resultado líquido positivo de mais de 39 mil euros, o que se salienta, mas, tal como o fiscal um único, temos de voltar a chamar a atenção para a incerteza do que ocorrerá depois de 2024…

 

Disse.