segunda-feira, 25 de maio de 2020

CDU vota contra Contas da Câmara e aponta falta de obras

Quinta dos Girassóis, uma das propriedades do Fundo Maia Imo, vendida em 2019

Na sessão desta segunda-feira da Assembleia Municipal, a CDU votou contra a Prestação de Contas e o Relatório de Gestão da Câmara Municipal, chamando a atenção para a reduzida execução em obras de importância local e até em áreas que o Executivo tem propagandeado, denunciando também a situação inaceitável do Fundo Imobiliário Maia Imo e da Tecmaia - Parque de Ciência e Tecnologia da Maia.




Intervenção de Alfredo Maia


O Executivo apresenta um saldo de gerência superior aos 23 milhões de euros, mas mantém por realizar obras e intervenções fundamentais, mesmo nas áreas emblemáticas da sua propaganda habitual.

Analisando a execução do Plano Plurianual de Investimentos, verificamos
·         que a realização no capítulo da Protecção do Meio Ambiente e da Conservação da Natureza foi de apenas 28,22% no ano de 2019, ou seja, de mais de 1,7 milhões de euros previstos, não chega ao meio milhão;
·         que, na racionalização energética, a execução se ficou pelos 19,56%, isto é, investiu pouco mais de 314 mil euros, quando estavam previstos 1,6 milhões;  
·         que, no âmbito da rede viária, apenas foram executados apenas 2,3 milhões dos quase 6,6 milhões previstos (36,16%);
·         que a mobilidade sustentável se ficou pelos 22,12%, isto é, de mais de 2,1 milhões de euros, foram aplicados pouco mais de 478 mil;
·         que a propagandeada operação pavimentos se quedou em 3,36%, tendo sido investidos apenas 31 mil dos quase 939 mil previstos; e
·         que o Comércio e Turismo aplicou quase nada – apenas 1,32%, isto é 369 euros dos já poucos 27.900 previstos.
Mais uma vez, é de salientar o profundo desequilíbrio entre as transferências correntes e de capital para as instituições sem fins lucrativos e as Juntas de Freguesia, com as primeiras a receber mais de 3,2 milhões de euros e as segundas a receber, no conjunto das dez actuais freguesias, um valor que não chega aos 1,7 milhões.
As Contas mostram mais uma vez a influência negativa de aventuras do Executivo, com destaque para o desastroso Fundo Especial de Investimento Imobiliário Fechado Maia Imo, cuja dissolução se impõe com urgência, sob pena de continuar a arrastar, de exercício negativo em exercício negativo, e a influenciar as contas e a dívida do Município.
Segundo o apuramento da dívida total de operações orçamentais do Município (quadro 56), a dívida deste Fundo era de 4.218.274 euros. E não consta que vá melhorar.
De acordo com o Relatório e Contas de 2019 do mesmo Fundo, que ainda não veio a esta Assembleia, o resultado líquido é negativo em 266.405 euros, sendo o quarto consecutivo com resultados líquidos negativos e registando uma rendibilidade negativa de 7,79%.
Em 2019, apesar de ter vendido a Quinta dos Girassóis (conhecida por ter sido residência da célebre violoncelista Guilhermina Suggia), por 1.610.000 euros, e a Casa Joaquim Ramalhão, por 150 mil euros, o passivo bancário do Fundo era de 4,2 milhões de euros.
Retenhamos a “informação relevante” constante do Relatório de Gestão Individual, segundo a qual "continuam em curso negociações tendo como objetivo a sua reversão, que significará o retorno ao património municipal dos bens que o compõem.”
Senhor Presidente, que significa este retorno dos bens ao património municipal?, que futuro tem ainda o Fundo Maia Imo? e qual será o saldo final desta aventura para o Município?
As Contas do Exercício reflectem também a interminável aventura do caso Tecmaia:
·         Destaca-se os mais de quatro milhões de euros que o Município ainda deve por conta do empréstimo bancário de 9,2 milhões de euros contraído para pagar a aquisição dos lotes 1 e 4 à própria Tecmaia.
·         Mantém-se a incógnita sobre o pedido devolução, pela mesma Tecmaia, de 1.292.354 euros pagos pelo Município à Autoridade Tributária em consequência da reversal fiscal dos representantes da Autarquia na sua Administração.
·         Mantém-se uma contribuição da Tecmaia em mais de 1,9 milhões de euros para a dívida total da operações orçamentais do Município.
·         Verifica-se o peso no serviço da dívida, em 2020, superior a três milhões de euros.
·         Permanece uma provisão de aproximadamente 2.578.00 euros nas Contas do Município para fazer face a eventuais perdas.
Da Certificação Legal de Contas, cabe salientar a falta de elementos que permitam aferir sobre a concretização do plano de liquidação aprovado pela assembleia de acionistas em 4 de Novembro der 2016, bem como sobre a existência de eventuais contingências legais e outras.
Assim como destacamos a falta de "aprovação, pela Assembleia Geral dos relatórios e contas dos anos de 2016, 2017 e 2018 – e 2019?! – e a necessidade de conclusão do processo de liquidação da sociedade o mais breve possível”.
Senhor Presidente, quando e como vai acabar este romance da Tecmaia?