sexta-feira, 29 de março de 2019

Contra transferência de competências de protecção e saúde e animal e segurança alimentar

A protecção e saúde animal deve obedecer a uma estratégia nacional

Na sessão desta sexta-feira da Assembleia Municipal da Maia, a CDU votou a favor da proposta de recusa da transferência das competências em protecção e saúde animal e segurança alimentar para o Município, mas explicou que não é por a Câmara não possuir ainda capacidade para as receber. Para a CDU trata-se de missões estratégicas que devem continuar no Estado ou vir a ser consideradas no âmbito da criação de regiões.

Intervenção de Carla Ribeiro


É conhecida a posição de princípio e são claras as razões pelas quais o PCP e a CDU rejeitam a mal designada descentralização de competências para os municípios, justamente porque não se trata de uma efectiva descentralização, mas porque o que a Lei n.º 50/2018, de 18 de Agosto, procura impor, ao abrigo de um acordo espúrio entre o Governo PS e o PSD, é uma transferência de encargos e de prolemas para os municípios.
Trata-se, além do mais, de uma transferência de competências completamente ao arrepio de uma concepção democrática e responsável de descentralização, a qual só será possível no quadro de uma reforma da reorganização política e administrativa do Estado que tenha como pilar essencial a regionalização e da qual resulte uma revisão coerente e territorial e materialmente justa das atribuições e competências dos municípios e das entidades intermunicipais, sem perder de vista a necessidade de manter uma visão e uma direcção centralizadas no que que diz respeito a missões essenciais e estratégicas do Estado.
É o caso, manifestamente, da pretendida transferência de competências, agora objecto de discussão e deliberação, no âmbito da protecção e saúde animal e de segurança alimentar, que o Executivo municipal nesta oportunidade declina, não porque, no essencial e nos fundamentos, dela discorde, mas porque, como expressa na sua proposta, apenas carece de tempo para concretizar as exigentes condições necessárias.
Tem o Executivo razão, quando aponta o exemplo de “elevadissima responsabilidade” que representa a transferência de competências na verificação e controlo das condições higiossanitárias de unidades que processem matéria-prima de origem animal não transformada.
Mas é este também um excelente exemplo das razões pelas quais a CDU rejeita a transferência de encargos em marcha, completamente desligada de uma estratégia de organização política e administrativa que, fazendo uma correcta regionalização e uma adequada revisão das competências municipais, não desguarneça as funções que o Estado deve assegurar de forma coerente em todo o território.
Fica, pois, claro que a CDU votando embora a favor da proposta aqui trazida, o não faz pelas mesmas razões em que se fundamenta o Executivo: fá-lo em função de uma posição de princípio à qual não renuncia.
Disse.