segunda-feira, 30 de abril de 2018

Assembleia de Freguesia da Cidade da Maia chumba Contas de 2017

CDU não votou favoravelmente contas de 2017

A Assembleia de Freguesia da Cidade da Maia reprovou hoje o relatório de Prestação de Contas da Junta de Freguesia, relativo ao exercício de 2017, com dez votos contra - incluindo o da CDU - os documentos, que tiveram o apoio apenas dos nove eleitos da coligação PSD/CDS.

O eleito pela CDU na Assembleia de Freguesia, Júlio Gomes, apresentou a seguinte posição:

Não podemos nem queremos acreditar que o espírito que levou ao comportamento do Executivo anterior esteja de volta! Seria mau de mais!
O Relatório que é apresentado a esta Assembleia parece, repito, parece, apontar nesse sentido!
A CDU alerta e avisa antecipadamente que, pela sua parte, não permitirá que esta Assembleia se ponha a jeito e se deixe resvalar para que tal aconteça!
Percebe-se o entusiasmo quase eufórico, espelhado no referido Relatório de Actividades e Contas de Gerência.
Na verdade, após um mandato completo com todos os orçamentos reprovados, este Executivo respira agora de alívio, podendo governar a freguesia, finalmente, com todos os instrumentos legais de gestão devidamente aprovados para tal efeito!
A CDU considera, pois, não haver razões para considerar com orgulho o trabalho realizado pelo Executivo no decurso dos últimos quatro anos, conforme é dito no documento.
Consideramos exactamente o contrário, ou seja, faltou-lhe legitimidade, agarrando-se ao poder teimosamente, ao arrepio da lei e da ética democrática, promovendo obras para as quais não tinha mandato nem orçamentos aprovados.
Já o dissemos e reafirmamos: havia a hipótese de dois caminhos a seguir:
- Enfrentar a realidade, dissipando as causas que levaram a Assembleia de Freguesia a reprovar os orçamentos, reformulando os mesmos; ou:
- Promover e praticar o seu próprio afastamento.
Mas a opção foi outra, e os resultados aí estão!
O anterior Executivo, ao ficar inibido – conforme o Relatório –, de poder disfrutar, gerir e aplicar a quantia de mais de um milhão de euros, não é da responsabilidade da Assembleia de Freguesia.
A Assembleia cumpriu legitimamente o seu direito democrático/constitucional!
Não é justo, portanto, de forma doentia diabolizar a Assembleia das Freguesia.
Torna-se perigoso, até, desenvolver essa linha de pensamento, pois dá a sensação de que não deveria ter sido transferida verba alguma, já que estávamos perante uma Assembleia “perigosamente mal comportada” e que nada merecia!
Mas – e agora que a actual Assembleia de Freguesia se está a comportar bem – porquê, perguntamos, não recompensar, repondo o tal mais de um milhão de euros retirado por castigo?
É muito difícil para nós, comunistas, entrar no campo das ofensas políticas, e mais ainda no campo pessoal, mas consideramos pouco sério afirmar que a Assembleia de Freguesia anterior insistiu em dificultar o bom funcionamento desta freguesia.
A prova de que a responsabilidade não cabe à Assembleia de Freguesia, mas sim ao Executivo de então, está no facto de ter sido agora, neste mandato, que, reconhecendo o erro, deu a mão, aceitando a proposta desta Assembleia – com o importante contributo da CDU –, para a eliminação do foco de instabilidade que grassou nesta freguesia durante o mandato anterior.
A Democracia também se faz e até fica enriquecida quando se reconhecem os erros e se procede à sua reparação!
A CDU considera que o anterior Executivo – ao contrário do que refere o Relatório – não cumpriu verdadeiramente os objectivos que se propunha nas eleições de 2013.
Talvez cumprisse se tivesse conseguido fazer aprovar os vários orçamentos apresentados.
Naturalmente não defendemos dar atenção apenas à acção política/Relatório de Actividades.
Quanto às Contas de Gerência, consideramos que reflectem as opções políticas do Executivo, sendo apresentadas e estando arrumadas de acordo com a sua filosofia de gestão.
Outra é, porém, a leitura e a perspectiva de quem votou contra o Orçamento a que estas Contas dizem respeito.
No conjunto de tabelas, mapas e quadros apresentados, a CDU considera existirem algumas lacunas, omissões e falta de clareza.
Citamos apenas alguns exemplos do que é referido:
– Contrato com os CTT:
  • ·         Qual o tipo de contrato existente?
  • ·         Número de funcionários da Junta envolvidos?
  • ·         Que contrapartidas?
  • ·         As receitas provêm de quê?

– Receita corrente:
Quase 8% inferior à despesa, não pode de forma alguma significar positiva e rigorosa a gestão praticada, como é apelidada pelo Executivo.
– A receita arrecadada proveniente do IMI foi inferior à de 2016, sem contudo ser explicada a razão. Foi apenas por alteração de taxas?
– Despesas correntes:
Nesta rubrica, com a designação de “juros e outros encargos”, é mencionada a verba de 67.666 euros sobre “compromissos assumidos”, sem a devida explicação do que se trata.

Em coerência com o voto do Orçamento de 2017, a CDU vai votar contra este “Relatório de Actividades e Contas de Gerência”