sexta-feira, 25 de fevereiro de 2022

CDU quer mudanças nos processos de consulta pública

Reabilitação urbana da Maia é reivindicação da CDU

A CDU pediu hoje uma reflexão da Câmara Municipal e da Assembleia Municipal sobre a falta de participação das populações e até dos cidadãos directamente interessados nos processos de consulta pública, nomeadamente sobre as propostas de delimitação de áreas de reabilitação urbana (ARU).


Intervenção de Carla Ribeiro

A proposta de delimitação da Área de Reabilitação Urbana é um importante documento estratégico, tendo em conta a sua localização – o coração do Município, onde persistem bolsas significativas de edifícios em ruína e estados de conservação péssimo ou mau, num total de 312, aos quais acrescem outros 280 sobre os quais não há informação – mas tendo em conta também a área considerada (mais de 586 hectares), bem como a dezena de zonas que justificam atenção prioritária a nível da reabilitação de espaços públicos.

Trata-se de uma área de intervenção de grandes dimensões (equivalente a 586 campos de futebol), com problemas complexos e com um número muito elevado de actores – desde logo os proprietários, mas também os inquilinos – que têm na Operação de Reabilitação Urbana associada uma oportunidade de contribuir para transformar a paisagem da cidade e sobretudo as condições de vida (habitação, comércio, lazer, cultura, desporto) da cidade.

No entanto, o processo de consulta pública ficou deserto em termos de participação dos cidadãos e, em particular, dos próprios interessados. Não porque a Câmara Municipal não tivesse procedido à publicação dos avisos e às tramitações que lhe compete promover, mas porque algo está a falhar neste tipo de processos.

Talvez tenha faltado aos cidadãos interesse ou motivação suficientes; talvez a informação não lhes tenha chegado; é provável que a política de comunicação pública não tenha sido a mais eficaz, em ordem à mobilização desde logo dos interessados; e é também de admitir que a situação pandémica criou dificuldades acrescidas à participação.

Mas seria importante que a Câmara Municipal e a Assembleia Municipal reflectissem sobre a imperiosa necessidade de imprimir uma efectiva dinâmica de participação dos cidadãos nos processos de consulta pública, sob pena de os reduzirmos a uma mera fase burocrática, esvaziada de cidadania e destituída de compromisso.