sexta-feira, 9 de julho de 2021

CDU vota compra de terrenos para novas oficinas e horto municipais

Aspecto do terreno visto da Rua de Alvura 


O Grupo CDU - Coligação Democrática Unitária votou hoje, na Assembleia Municipal, contra a compra de duas parcelas de terreno em Milheirós, destinados à instalação das novas oficinas e do horto municipais, por considerar que o Município possui um elevado número de terrenos para o efeito e que o local em causa deve ser preservado para a habitação e espaços verdes, como está previsto no Plano Director Municipal (PDM).


Intervenção de Alfredo Maia

    

O Grupo Municipal CDU não tem dúvidas de que as Oficinas e o Horto municipais necessitam de instalações adequadas e centralizadas e de que é necessário encontrar soluções duradouras e sustentáveis para essas actividades essenciais ao Município, que se encontram dispersas pelo concelho.

No entanto, a proposta de aquisição de duas parcelas na Rua da Agra e na Rua de Alvura, em Milheirós, mesmo com tais objectivos, suscita várias questões que reputamos pertinentes.

Em primeiro lugar, sobre a necessidade de uma aquisição, quando, como é vem sabido, o Município possui largas centenas de terrenos susceptíveis de edificação. Pergunta-se: haverá mesmo necessidade de despender recursos na compra de terrenos quando o Município os possui em quantidade e certamente em diversidade? Nenhum deles reúne condições para acolher as Oficinas e o Horto?

Em segundo lugar, quanto à localização das parcelas cuja aquisição o Executivo se propõe efectuar. Trata-se de uma área urbanizada, mas na qual subsistem parcelas agrícolas e florestais, essencialmente destinada a habitação e a algum pequeno comércio, onde as naves industriais e outros imóveis do mesmo tipo, desactivados e em ruína, parte das quais objeto da aquisição pretendida, constituem resquícios de uma coexistência conflitual entre as funções habitação e indústria.

Atalhe-se que ambas as “frentes” apresentam um conjunto expressivo de imóveis degradados que justificam uma operação urgente de requalificação e revalorização do edificado, para fins de habitação e de pequeno comércio, que a própria instalação das Oficinas e do Horto poderiam comprometer, atento, desde logo, o movimento de veículos pesados e de máquinas que tais instalações induzirão.

A CDU defende que o Município deve dar prioridade ao reordenamento do território, de modo a recuar as ocupações de natureza industrial ou de armazenamento para diminuir o conflito com a função residencial, quer em termos de tráfego de veículos pesados e de máquinas, quer em termos de ruído e outras perturbações, incluindo na paisagem.

Acresce que, como bem enfatiza o relatório da avaliação das parcelas que o Executivo pretende adquirir, a área das referias parcelas corresponde a zonas classificadas no Plano Director Municipal como Solo Urbano – Espaços Residenciais  - Áreas de Habitação Unifamiliar HU2 (6 700 metros quadrados); Solo Urbano – Espaços Verdes – Áreas Verdes de Protecção aos Recursos Naturais (16 570 metros quadrados) e Solo Urbano – Espaços Residenciais – Áreas de Hanitação Unifamiliar HU2 (647 metros quadrados).

Por outro lado, as parcelas em causa, no interior das quais se encontra um pomar de nogueiras e outras áreas de fruto e zonas de lazer, situam-se bem próximo do Rio Leça, cujas margens e corredor deverão ser requalificadas para a fruição pública, separado por um terreno/talude florestado, já propriedade do Município, e a jusante do há longos anos prometido Parque Fluvial do Alvura.

Em última análise, o que se esperaria para toda aquela zona era um plano de pormenor com o objectivo de reabilitar e requalificar todo o edificado e os espaços verdes, reconciliando as funções habitação e eventualmente pequena agricultura com o rio e com a paisagem. Seria isto que faríamos, se fôssemos poder; e é isso que defendemos.

Assim, a CDU votará contra a proposta de aquisição das referidas parcelas.

Disse.