Papel dos comunistas da Maia evocado por Teresa Lopes |
“Ainda o PCP dava os primeiros passos, em 1924/25, e já existia a célula de Águas Santas, que elegeu para o II Congresso, em 1926, um dos seus elementos”, recordou hoje, na Maia, a dirigente comunista Teresa Lopes, membro da Direcção da Organização Regional do Porto (DORP).
Teresa Lopes intervinha na concentração local da
Maia, no âmbito da iniciativa “100 anos, 100 acções”, que decorreu
simultaneamente inúmeras cidades e vila do país, comemorativa do 100.º aniversário
do Partido Comunista Português (PCP).
Salientando a participação de militantes comunistas
da Maia no movimento operário e na luta contra o fascismo, sofrendo, muitos
deles, a brutalidade da repressão fascista, a dirigente destacou o “papel
relevante – também na Maia - na luta em defesa das conquistas de Abril, na
criação e desenvolvimento do Poder Local democrático para a melhoria das
condições de vida do povo maiato”.
Na acção, interveio também Guilherme Santos, da Direcção Nacional da Juventude Comunista Portuguesa (JCP), salientando o papel das organizações
juvenis do PCP desde a sua fundação, em 6 de Março de 1921, bem como do papel
central que a JCP mantém hoje nas lutas pelos direitos dos estudantes e dos
jovens trabalhadores.
Intervenção
de Teresa Lopes*
Amigos e Camaradas:
Comemoramos com imensa alegria e orgulho, neste dia
6 de Março, 100 anos de luta do Partido Comunista Português com a mesma
determinação de sempre, prontos para travar os combates do presente e do futuro
e responder às exigências que a vida nos coloca para continuar a servir os trabalhadores,
o povo e o País.
Ao comemorar 100 anos muitos se interrogarão. Quais
as razões desta vitalidade e longevidade, atravessando e enfrentando grandes
viragens e tempestades na situação nacional e internacional e uma feroz
ditadura fascista de quase cinco décadas, quando outros ficaram pelo caminho?
Foi assim pela sua natureza de classe e
características, que se organizou e desenvolveu como um verdadeiro partido da
classe operária e de todos os trabalhadores, defendendo incansavelmente os
interesses vitais da classe operária, dos trabalhadores e das massas populares
e agindo quotidianamente contra a
exploração, as injustiças e as desigualdades.
Foi assim por ser um Partido portador de uma teoria
revolucionária, o marxismo-leninismo, e assim ter podido definir uma linha
política segura e formas de organização e acção adaptadas aos diversos
contextos e realidades.
Foi assim por ter contado com a dedicação e o
trabalho de gerações de intrépidos combatentes, mulheres, homens de grande
coragem e dedicação à causa da emancipação dos trabalhadores e do povo, de onde
sobressai essa figura ímpar, o camarada Álvaro Cunhal.
Militância e
lutas na Maia
Lembrava que neste concelho, ainda o PCP dava os
primeiros passos, em 1924/25, e já existia a célula de Águas Santas que elegeu
para o II Congresso em 1926 um dos seus elementos; que em 1932, já em plena
ilegalização do PCP, o camarada Elísio Francisco Ferreira, eleito para a
Associação dos Manipuladores de Pão do Porto foi preso pela 1ª vez, a que seguiram outras prisões em1936 e 1942
sempre com brutais tratamentos da
polícia política; que lutas houve muitas desde sempre, algumas registadas: em
1937a greve das operárias da Fábrica Oliveiras, na Areosa em solidariedade com
colegas despedidas, a recusa de receber o salário com descontos indevidos dos trabalhadores da Industria Nacional de Produtos Químicos,
em Moreira, em 1944. Também nesse ano, em plena II Grande Guerra, a população
de Barreiros, tocou o sino a rebate e concentrou-se junto do Grémio, exigindo
Pão.
Mas também depois do 25 de Abril os comunistas da
Maia têm tido papel relevante na luta em defesa das conquistas de Abril, na
criação e desenvolvimento do Poder Local democrático para a melhoria das
condições de vida do povo maiato.
Um partido na frente
como nenhum outro
Quem escrever com objectividade a história do nosso
País nos últimos 100 anos encontrará sempre os comunistas portugueses não como
espectadores da realidade, mas como agentes activos das transformações, nas
primeiras linhas de combate, tomando parte do lado certo dessa história em
defesa dos interesses dos trabalhadores, do povo e do País; pela liberdade, a
democracia, o progresso social, a paz e a independência nacional, pelo
socialismo; pela solidariedade internacionalista entre os trabalhadores e os
povos de todos os países.
Partido que fez frente à ditadura fascista – o
único que não capitulou, não cedeu, nem renunciou à luta. Que esteve na
primeira linha de combate na implantação da democracia em Portugal, dando um
contributo decisivo e inigualável para o grande movimento revolucionário que
confluiu no 25 de Abril e no desenvolvimento da poderosa intervenção da classe
operária e das massas populares, transformando a acção militar em Revolução e
na concretização das suas extraordinárias conquistas.
O Partido que esteve na frente, como nenhum outro,
contra a política de direita e o poder reconstituído dos grandes grupos
económicos, que organizou a luta contra a ofensiva de destruição das principais
conquistas de Abril conduzida pelos governos do PS, PSD e CDS.
O balanço é conhecido e pesado.
Profundos défices estruturais que se foram
acumulando, onde pesa um volumoso défice produtivo. Insuficiente
crescimento económico. Uma
elevada Dívida Externa e um serviço da dívida pública que exaura o País. Uma
degradada situação social com largas camadas de trabalhadores empobrecidos, com
a imposição e subsistência de um modelo de baixo salários, reformas e pensões,
por uma crescente precarização das relações laborais e pela manutenção de elevados
níveis de desemprego. Persistência de profundos desequilíbrios territoriais e
graves problemas ambientais. Uma preocupante fragilização dos serviços
públicos.
Muitos destes problemas estão hoje
agravados pela epidemia e pelo aproveitamento que o grande capital dela faz,
para servir os seus interesses imediatos de acumulação do lucro, aprofundando a
exploração e as desigualdades com o aumento do desemprego, os cortes de
salários, mas também com os encerramentos compulsivos de actividades, ampliando
problemas sociais que atingem, em particular os trabalhadores, a juventude e as mais diversas camadas da
população.
A grave situação que o País enfrenta
não se ultrapassa com o governo do PS amarrado às
opções nucleares da política de direita, inviabilizando as respostas
necessárias à solução dos problemas nacionais. Nem com o PSD, CDS e seus
sucedâneos do Chega e Iniciativa Liberal apostados no relançamento
do seu retrógrado e antidemocrático projecto de destruição das conquistas de
Abril que permanecem e de subversão da Constituição, para impor um brutal
retrocesso nas condições de vida dos
portugueses.
O PCP tem
respostas e soluções
Camaradas:
Comemoramos 100 anos de
luta, aqui estamos e aqui continuamos, projectando a nossa acção para o futuro,
prontos e determinados a continuar a luta ao serviço do povo e do país.
Não somos força de apoio ao PS, nem instrumento de
favorecimento dos projectos reaccionários do PSD e CDS e seus sucedâneos.
Somos a força da alternativa patriótica e de
esquerda, cuja concretização é a questão central – a grande batalha - do tempo
presente!
A força que sabe que a solução dos problemas
nacionais não surgirá do exterior, nem oferecida e conduzida por terceiros,
acenando com a cenoura dos milhões!
Não virá de uma União Europeia neoliberal,
militarista e federalista ao serviço dos grandes interesses monopolistas
transnacionais.
Não virá com os proclamados Planos de Recuperação e
Resiliência de hoje, em grande medida ditados e formatados por objectivos
impostos a partir de fora, secundarizando a solução dos verdeiros problemas
nacionais.
Estamos aqui e em todo o País neste dia
de particular significado a reafirmar que o PCP tem
respostas e soluções que asseguram os direitos e aspirações dos trabalhadores e
do povo português e afirmando
a imperativa necessidade da concretização de uma política patriótica e de
esquerda, o que exige um governo capaz de a concretizar!
Uma
alternativa que reclama na sua concretização uma ampla frente social e de
massas convicta de que é possível derrotar a política de direita.
Reclama
a convergência dos democratas e patriotas, de todos os que não se conformam com
um País reduzido a uma simples região da União Europeia, cada vez mais
dependente e periférico.
Reclama a intensificação e alargamento da luta, de
todas as lutas, pequenas e grandes, da classe operária, dos
trabalhadores, o reforço das suas organizações e unidade, em redor da sua
grande central a CGTP-IN, bem como de todas as camadas antimonopolistas.
Política
patriótica e de esquerda
Assinalamos 100 anos de vida e de luta do nosso
Partido e aqui estamos e determinados a afirmar que o Partido Comunista
Português é portador de um projecto de futuro.
Um projecto, consubstanciado no seu Programa, de
uma Democracia Avançada, vinculada aos valores de Abril, visando responder às necessidades concretas da sociedade portuguesa para a actual etapa histórica. Uma
Democracia Avançada – política, económica, social e cultural – que é parte integrante da luta pelo socialismo.
Nesse sentido batemo-nos hoje por uma política patriótica e de esquerda para
libertar o País da submissão aos interesses do grande capital, ao Euro e às
imposições e constrangimentos da União Europeia;
Uma política patriótica e de esquerda
para recuperação para o País do que é do País – os seus recursos, os seus
sectores estratégicos, o seu direito inalienável ao desenvolvimento e à criação
de emprego – que assegure o direito à saúde, à educação, à cultura, à habitação,
à protecção social, aos transportes;
Uma política patriótica e de esquerda
que passa, necessariamente, por pôr Portugal a produzir, com mais agricultura,
mais pescas, mais indústria, a criar mais riqueza e a distribuí-la melhor,
apoiando as micro, pequenas e médias empresas;
Uma política patriótica e de esquerda
de valorização do trabalho e dos trabalhadores, dos seus salários e dos seus
direitos individuais e colectivos, dos reformados e pensionistas, de garantia
dos necessários apoios sociais.
Teresa Lopes, da Direcção da Organização Regional do Porto do PCP |
Camaradas:
Profundas transformações se deram no mundo nestes
100 anos. Mudou muito e muita coisa, mas não mudou a natureza exploradora,
opressora, predadora e agressiva do
sistema capitalista.
Vemos isso quando olhamos para
a realidade do capitalismo com o seu rol de brutais
desigualdades, desemprego, precariedade, pobreza, destruição económica e retrocesso nos direitos sociais e laborais e o dramático rasto
de morte e destruição em países inteiros porque a guerra surge cada vez mais
como a resposta à crise em que mergulhou.
A superação revolucionária
do capitalismo com a construção do socialismo, assume-se, por diferentes
caminhos e etapas, como um objectivo da luta dos trabalhadores e dos povos e
como solução para os problemas da humanidade.
Sim, lutamos pelo
socialismo, onde cabem também as múltiplas causas que dão sentido aos combates de hoje pela construção de um mundo melhor e mais justo .
Um século depois da sua fundação, aqui estamos.
Somos o Partido Comunista Português. Um Partido Comunista digno desse nome!
Um Partido que queremos e precisamos
seja mais forte, com a participação de mais membros do Partido no trabalho
regular, com mais recrutamentos, com mais e melhor organização e intervenção
junto da classe operária e dos trabalhadores e das outras camadas da população.
O grande partido
do futuro
Valeu e vale a pena olhar para o futuro com
confiança, determinação e esperança, porque perseguimos o ideal mais nobre da
emancipação e libertação da exploração do homem pelo homem, porque queremos uma
vida melhor para quem trabalha, porque queremos um Portugal desenvolvido, de
progresso, independente, onde seja o povo a decidir.
Partido que é o partido da juventude, porque desde
sempre teve uma profunda identificação com os sonhos e aspirações juvenis,
inseparáveis do seu ideal de liberdade, justiça, paz, solidariedade e
fraternidade.
Partido da juventude porque contou sempre com o
valoroso trabalho das Organizações dos jovens comunistas, cuja legítima
herdeira é a Juventude Comunista Portuguesa que daqui saudamos!
Como saudamos as mulheres portuguesas, lembrando o
Dia Internacional da Mulher, que agora se comemora, declarando o nosso apoio às
suas iniciativas, acção e luta de combate às desigualdades, à defesa da sua
dignidade e das suas causas civilizacionais.
A vida nestes 100 anos prova que
o PCP é necessário indispensável e insubstituível aos trabalhadores, ao povo e
ao País.
Com a experiência e o valor do
seu passado e da sua vigorosa acção presente, o PCP é também o grande partido
do futuro.
A luta continua e continuará,
certos que o futuro tem Partido!
Viva
o PCP!
Intervenção
de Guilherme Santos*
Camaradas
e amigos,
É
hoje o dia do Centenário do Partido Comunista Português. São 100 anos de luta e
resistência do Partido que a juventude sempre soube ser seu.
Do
único Partido que resistiu durante 48 anos de fascismo quando se praticavam a
exploração e as maiores atrocidades sobre povo e os trabalhadores.
Mesmo
nesses duros tempos, o PCP conseguiu manter a ligação às aspirações juvenis e
estudantis, o que levou a que gerações e gerações de jovens comunistas fossem
alvo da perseguição e repressão fascistas. Nunca viraram a cara à luta e foram
força determinante para abrir o caminho de Abril.
Assim,
saudamos com fraternidade estes 100 anos do Partido e que é o partido da
juventude, dos trabalhadores, o Partido que não vira a cara às adversidades, às
injustiças. Um Partido cuja acção transforma descontentamento em luta e que,
sobretudo, dá confiança e determinação à juventude para tomar partido e
prosseguir a luta pela superação revolucionária do capitalismo, pelo socialismo
e pelo comunismo.
Ao
longo destes 100 anos, não houve momento da juventude em que o PCP não tivesse
presente. Os jovens fizeram-se grandes na luta pela liberdade e contra
opressão. No MUD Juvenil ou no MJT, nas crises académicas ou na luta nas
empresas. Em Abril, nas ruas e praças, ou na luta contra as propinas, contra a
PGA, contra o estatuto do aluno, contra a precariedade, pela Despenalização da
IVG ou liberdade do povo de Timor Leste. Estes momentos fazem parte da nossa
história, e a coragem, a abnegação, a audácia que os inspirou são
indispensáveis para o nosso futuro. Esta presença do PCP dá sentido ao mote “O
Futuro tem Partido”.
Não é fácil, nunca foi
Camaradas,
onde está um militante, está um agitador, um organizador e um mobilizador. Os
nossos colegas de escola, de trabalho, vizinhos e amigos têm que reconhecer em
nós um comunista. Somos nós que ouvimos os seus anseios e aspirações e os
procuramos organizar e canalizar para a luta, como meio para responder aos seus
problemas. Afinal a luta de classes é o motor da história. Não é fácil, nunca
foi mas por isso mesmo apoiamos e integramos a Organização Revolucionária dos
trabalhadores e do povo português que todos os dias perante todas as ofensivas,
todos os entraves, todos os nãos, seja na realização de uma RGA, seja perante
um processo eleitoral, seja numa manifestação, seja com a pintura de mural, de
uma distribuição ou de uma colagem, resistimos e lutamos.
Mas
camaradas, celebrando mais do que a nossa história, é preciso ter um olho no
futuro. Olhar para a nossa ação junto dos estudantes e dos jovens
trabalhadores. Um futuro no qual a acção dos comunistas é imprescindível no
combate à política de desinvestimento levada a cabo por mais de 40 anos de
política de direita. Daí, que as lutas desenvolvidas no dia 2 e 10 de Dezembro
pelos estudantes do Ensino Superior e de dia 4 de Dezembro pelos estudantes do
Ensino Secundário e as futuras ações a assinalar o Dia Internacional da Mulher
e as iniciativas que assinalarão o 24 de Março, Dia Nacional do Estudante, e a
25 de Março, no dia nacional de luta dos jovens trabalhadores, em luta por mais
emprego, salário e estabilidade, assumem uma tremenda importância, porque foi
pela luta que lá fomos e é pela luta que lá vamos.
Seguindo
o exemplo de democracia interna praticada durante estes 100 anos pelo PCP, no
dia 10 de Abril irá se realizar o XIII Encontro Regional da Organização da JCP
do Porto, um culminar de todos os processos de luta e de discussão que a
juventude esteve envolvida nos últimos 5 anos.
Jovens comunistas deste tempo
Camaradas,
“Mil Lutas no caminho de Abril. Organizar. Transformar” o lema do 12º Congresso
da JCP, que decorrerá nos dias 15 e 16 de Maio no Ateneu Artístico
Vilafranquense, em Vila Franca de Xira, que, sendo um momento maior da
comemoração do centenário pelos jovens comunistas, projecta uma JCP mais forte,
mais organizada, mais interveniente.
Camaradas,
lutamos para transformar e para concretizar o direito a uma educação, pública,
gratuita e de qualidade, ao trabalho com direitos, à habitação, à cultura, ao
desporto, à saúde, a uma sexualidade livre, à nossa identidade, para combater
as injustiças, as discriminações e as desigualdades, para construir um mundo
novo!
Sim,
somos jovens comunistas deste tempo, e queremos construir esse mundo novo por
que lutam à milénios os jovens de todo o mundo. E sabemos que essa construção é
feita todos os dias. Na luta organizada da juventude que dá força às suas
aspirações.
Todos
os dias lutamos com o objectivo de alcançar uma sociedade liberta da exploração
do homem pelo homem. E a melhor de maneira celebrar esta luta e o aniversário
da nossa organização é na rua e afirmado o PCP.
Valores de Abril
Camaradas,
hoje, aqui no Parque Maia, na Maia e por todo o País celebramos a nossa
história, o nosso percurso, o nosso património. Mas queremos deixar bem claro,
que, com os jovens que todos os dias se juntam a nós, há muito caminho a
percorrer para a sociedade mais justa com que sonhamos.
Erguemos
hoje a nossa bandeira com firmeza, afirmando que é este o partido do povo, é o
partido dos homens que nunca foram meninos, é o partido dos jovens de hoje que
não se vergam, dos que, com uma imensa alegria, lutam todos os dias.
A
JCP está ao lado do seu partido, o Partido Comunista Português na luta pelos
direitos e interesses dos trabalhadores e do povo, na vanguarda da luta por
“Uma Democracia Avançada - Os Valores de Abril no Futuro de Portugal”, por uma
sociedade livre da exploração do homem pelo homem, por uma terra sem amos, pelo
socialismo e o comunismo. Todos à luta!
Viva
a JCP!
Viva
o Partido Comunista Português!