segunda-feira, 28 de setembro de 2020

CDU insiste na reposição das freguesias extintas ou agregadas

Freguesia da Cidade da Maia resulta de agrupamento das freguesias da Maia, Vermoim e Gueifães


Na sessão desta segunda-feira da Assembleia Municipal, a CDU voltou a defender a reposição das freguesias extintas ou agregadas (no caso da Maia, as 17 que tinha deram origem às dez actuais), considerando que a "reforma" feita pelo Governo PSD/CDS em 2013, não só não resolveu como agravou os problemas das populações. Na votação, a proposta foi chumbada pela mesma maioria que é responsável pela situação.   

Intervenção de Carla Ribeiro

O processo de agregação/extinção de 1168 freguesias, em 2013, pelo Governo PSD/CDS, mereceu generalizada contestação e oposição das populações e da esmagadora maioria dos órgãos autárquicos. 

A experiência comprovou que não trouxe ganhos financeiros nem contribuiu para o reforço da coesão territorial; antes acentuou as assimetrias e prejudicou as populações.

Perdeu-se a proximidade entre eleitos e populações; é menor a capacidade de intervenção; perdeu-se a identidade de cada freguesia; reduziu-se a força reivindicativa das populações; em muitos casos, antigas freguesias viram-se abandonadas e os seus interesses preteridos.

O PCP tem vindo a apresentar na Assembleia da República várias iniciativas com o objectivo de repor as freguesias extintas, onde for essa a vontade das populações e dos órgãos autárquicos. Tais iniciativas foram rejeitadas com os votos do PS, do PSD e do CDS. 

O PS, numa fuga para a frente avançou com uma Resolução recomendando ao Governo a avaliação do processo, sem nada concretizar, apesar da justa reivindicação das populações e da exigência expressa nos dois últimos congressos da Associação Nacional de Freguesias. 

O PCP voltou a apresentar, em Dezembro, um novo projecto de lei de reposição de freguesias, que continua a aguardar agendamento.

Contudo, esta iniciativa deve ter efeitos a tempo de os seus órgãos serem escolhidos nas próximas eleições autárquicas. 

Por isso, será um acto de inteira justiça esta Assembleia acolher a proposta de moção da CDU sobre reposição de freguesias oportunamente enviada à Mesa e aos líderes de Grupo Municipal.

Disse.


 Proposta de Moção Repor as freguesias extintas – um imperativo democrático


O processo de agregação/extinção de 1168 freguesias, no âmbito da chamada Reorganização Administrativa do Território, imposto pela Lei n.º 11-A/2013, de 28 de Janeiro, em execução da Lei n.º 22/2012, de 30 de Maio, da maioria PSD e CDS, mereceu generalizada contestação e oposição das populações e da esmagadora maioria dos órgãos autárquicos. 

Ao contrário do propagandeado, a extinção de freguesias, na generalidade, não trouxe ganhos financeiros nem contribuiu para o reforço da coesão territorial, antes acentuou as assimetrias regionais já existentes. Ao encerramento de inúmeros serviços públicos pelo país, a extinção de freguesias, veio ainda esvaziar e agravar mais a vida em muitas localidades, em particular nas zonas rurais e de interior, onde a freguesia era a entidade que restava, deixando as populações ao abandono. 

Perdeu-se a proximidade dos eleitos com as populações, com a redução de cerca de 20 mil eleitos de freguesia; dificultou-se a capacidade de intervenção na resolução de problemas; perdeu-se a identidade de cada freguesia e reduziu-se a capacidade de reivindicação das populações e dos seus órgãos autárquicos.


Na legislatura 2013/2017, foram apresentadas iniciativas legislativas na Assembleia da República, com o objetivo de repor, as freguesias extintas, de acordo com a vontade das populações e dos órgãos autárquicos, e com eleições em 2017. Estas iniciativas foram rejeitadas com o voto do PS, PSD e CDS. O PS, numa fuga para a frente avançou com uma Resolução recomendando ao governo a avaliação do processo para posterior decisão.

De então para cá as populações de norte a sul do país continuam a reivindicar a reposição das freguesias extintas contra a sua vontade. 

Os últimos Congressos da ANAFRE realizados em 2018 e 2020 colocaram como exigência a reposição das freguesias extintas contra a sua vontade. 

Desde 2018 que o Governo PS anunciou ir apresentar uma lei de criação de freguesias, que permitiria corrigir os erros criados pela extinção de freguesias imposta pelo governo PSD/CDS.

O PCP já voltou a apresentar, em Dezembro de 2019, novo projecto de lei de reposição de freguesias, que aguarda agendamento.

A reposição de freguesias exige uma lei simples e objectiva, que respeite a vontade das populações.

A reposição das freguesias extintas, com eleições em 2021, é um acto de inteira justiça, é uma exigência democrática.


Assim, a Assembleia Municipal da Maia, reunida em 28 de Setembro de 2020, delibera:

1. Reclamar do Governo e da Assembleia da República as medidas legislativas necessárias para reposição das freguesias extintas contra a vontade das populações e dos respectivos órgãos autárquicos.

2. Reclamar que todo o processo esteja concluído de forma a assegurar as eleições no acto eleitoral de 2021.

3. Enviar a presente Moção para o Primeiro-Ministro, os Grupos Parlamentares na Assembleia da República, a Associação Nacional de Freguesias (ANAFRE), a Associação Nacional de Municípios Portugueses (ANMP) e os órgãos de Comunicação Social.



Maia, 28 de Setembro de 2020


Os eleitos da CDU – Coligação Democrática Unitária