segunda-feira, 22 de junho de 2020

CDU em defesa da STCP, do Aeroporto e da regionalização

Estado tem de assumir as suas responsabilidades na STCP

A defesa da STCP como operador interno no Grande Porto, com o Estado a reassumir as suas responsabilidades de financiamento, a denúncia da desvalorização do Aeroporto do Porto no plano de reposição de voos da TAP e o alerta para a farsa da "democratização" das comissões de coordenação e desenvolvimento regional, com a eleição indirecta dos seus presidentes, foram os pontos tratados pela CDU no período antes da Ordem do Dia da sessão desta segunda-feira da Assembleia Municipal da Maia.  





Intervenção de Alfredo Maia


1. No passado dia 1, o Grupo Parlamentar do PCP entregou, na Assembleia da República, um projecto de Resolução para a reversão da intermunicipalização da STCP – Sociedade de Transportes Colectivos do Porto, que o Governo e autarquias PS, com a cumplicidade do PSD e do CDS, quiseram consumar em 2019, mas que continua por concretizar.
O PCP e os eleitos da CDU sempre demonstraram firme oposição à intermunicipalização, nos termos em que foi feita, desta empresa estratégica para a Área Metropolitana, para o Grande Porto e para a Maia.
Entre outras razões, saliente-se a desresponsabilização do Estado em relação ao financiamento e a investimentos na renovação e reforço da frota e na extensão e qualidade do serviço, bem como o elevadíssimo risco de pelo menos alguns municípios não conseguirem suportar os elevados encargos que lhes são exigidos.
Volvido meio ano sobre a aprovação, por esta Assembleia (sessão de 20 de Dezembro de 2019), do Contrato Interadministrativo de Delegação de Competências de Autoridade de Transportes relativas ao serviço público de transporte explorado pela STCP e Aditamento ao Contrato de Concessão de Serviço Público, a operação aguarda ainda o visto do Tribunal de Contas, o Plano de Investimentos 2020-2024 (mais de 75,7 milhões de euros) está adiado e a empresa corre o risco de atrofia financeira.
Ao propor a reversão da intermunicipalização, o PCP entende que o Estado deve garantir o financiamento das operações e dos investimentos necessários, criar uma estrutura para a definição de carreiras, serviços, horários e frequências e acompanhamento da atividade que envolva designadamente as autarquias e tomar medidas para que a STCP seja definida como operador interno dos seis municípios que serve.

2. Nesta oportunidade, salientamos também a necessidade de uma intervenção urgente do Estado, em ordem a salvar a TAP da gravíssima situação em que se encontra, mas também a assumir o controlo público de uma empresa estratégica para o país e para o seu desenvolvimento integral e pluri-regional.
Como o PCP já salientou noutras oportunidades, as recentes informações prevendo uma drástica redução do número de ligações da companhia de “bandeira” no Aeroporto do Porto, em consequência da reposição redimensionada de voos, não correspondem às necessidades das populações e da região e reflectem opções de gestão que não colocam como prioridade o desenvolvimento do país como um todo.
Pelo contrário, tais opções traduzir-se-ão em efeitos profundamente negativos na economia e no desenvolvimento da Maia e da região.

3. Estes dois temas remetem inevitavelmente para uma matéria infelizmente com escasso destaque no espaço público – a pretensa “democratização da governação territorial” das comissões de coordenação e desenvolvimento regional.
O que o Decreto-Lei n.º 27/2020, publicado há poucos dias (17 de Junho) consagra é um mero arremedo de eleição (indirecta!) do presidente da CCDR por um colégio eleitoral composto pelos eleitos locais da respectiva área territorial, e de um dos dois vice-presidentes pelos presidentes de câmara, sendo o segundo designado pelo Governo.
Não há na alteração orgânica das CCDR o mais leve indício de avanço rumo à regionalização, institucionalizando-se, pelo contrário, a subordinação dos seus presidentes ao poder central, a tal ponto que, mesmo tendo sido escolhidos pelos autarcas, poderão ser destituídos pelo Governo.
Impõe-se que os eleitos locais, que já em setembro (três meses!) vão ser chamados a participar nessa eleição, reflictam seriamente sobre se esse é o caminho que melhor convém. 
A opção pelo inaceitável adiamento da regionalização não pode ser aceite, razão pela qual o PCP e os eleitos da CDU salientam a urgência de dar cabal cumprimento ao desígnio constitucional da criação das regiões administrativas, com a consequente eleição democrática dos seus órgãos.  


Disse.