O secretário-geral do PCP, Jerónimo de Sousa, escutou as explicações de Alfredo Maia sobre as propostas da CDU |
AUTÁRQUICAS 2021 Com a participação do secretário-geral do Partido Comunista Português (PCP, Jerónimo de Sousa, a CDU realizou, nesta quinta-feira, em Águas Santas, uma sessão pública pela reposição do serviço de passageiros nas linhas de Leixões a Ermesinde e a Contumil.
Intervindo após uma apresentação da situação dos dois ramais e das propostas da CDU para os dinamizar e colocar ao serviço das populações, o secretário-geral do PCP reivindicou um maior investimento para os caminhos-de-ferro e transportes públicos portugueses e lamentou a disparidade das posições do PS a nível local e na Assembleia da República.
No caso da linha de Leixões, para o dirigente comunista, "quase que não se percebe o porquê» da mesma «não estar já aberto".
"Esta proposta é mais um exemplo da contribuição que os candidatos da CDU querem e conseguem dar para construírem uma vida melhor para as populações locais", afirmou Jerónimo de Sousa.
Jerónimo de Sousa defendeu mais investimento nos transportes e especialmente na ferrovia e na CP |
Falando na mesma sessão, o primeiro candidato à Câmara Municipal, Alfredo Maia, salientou a importância estratégica da reactivação do transporte de passageiros entre Matosinhos e Ermesinde, em Valongo, e Contumil, no Porto, a conjugar com a expansão da rede de metro, defendendo a articulação com o transporte rodoviário sob gestão da STCP.
Alfredo Maia saudou a presença, na sessão dos camaradas também candidatos nos concelhos de Matosinhos, Gondomar e Valongo, "que partilham connosco a exigência de uma rede multimodal de transportes colectivos realmente ao serviço das populações e não dos interesses do capital".
Intervenção de Alfredo Maia
Nesta iniciativa, a CDU reafirma o compromisso de prosseguir e aprofundar os esforços pela efectiva reposição do serviço ferroviário de passageiros nos ramais de Leixões – entre Matosinhos e Ermesinde e entre Matosinhos e Contumil/Campanhã.
De facto, os eleitos da CDU têm a responsabilidade de continuar a bater-se por esse objectivo e de procurar garantir que não serão goradas as expectativas geradas pelo acordo entre a Área Metropolitana, a CP, a Infra-estruturas de Portugal e os presidentes das Câmaras dos concelhos abrangidos, para o aprofundamento de estudos, ao qual não é alheia a luta do PCP e dos nossos eleitos nos órgãos autárquicos.
A defesa da reposição desse serviço, interrompido em 1966 e parcial e apressadamente reposto por um governo PS em 2009 com propósitos eleitoralistas, constitui um objectivo claro, firme e consequente da CDU.
No compromisso dos candidatos do distrito do Porto nas eleições legislativas de 2015, afirmávamos de forma inequívoca a necessidade da reposição daquele serviço, a par – e sem a prejudicar – da internacionalização das linhas no transporte de mercadorias.
Tal compromisso gerou iniciativas concretas do PCP na Assembleia da República, com uma proposta de Resolução apresentada em 5 de Maio de 2017 e aprovada em 26 de janeiro de 2018, mas com as abstenções do PSD e do PS.
Nas eleições autárquicas de há quatro anos, o mesmo compromisso foi também afirmado como objectivo fundamental da CDU – a única força a apresentá-lo aos eleitores –, tendo-se traduzido em várias moções propostas pelos seus eleitos na Assembleia Municipal da Maia e aprovadas por unanimidade desde 26 de fevereiro de 2018.
Os ramais de Leixões mantêm atividade regular de transporte de mercadorias, bem como, desde 4 de janeiro deste ano, do transporte diário de trabalhadores nas oficinas de Guifões, estando completamente electrificadas e em bom estado de conservação.
Por conseguinte, não é difícil repor o transporte regular de passageiros, servindo importantes unidades industriais e centros empresariais e dezenas de milhares de trabalhadores, bem como apreciáveis áreas densamente urbanizadas.
Estudos da CP e da então REFER, datados de 2009, indicavam que, só entre Matosinhos e Ermesinde, poderiam ser transportados quase três milhões de passageiros por ano, com pelo menos dois comboios por hora em cada sentido.
Faltam estimativas relativas às circulações para Contumil/Campanhã, ou até S. Bento, mas não é abusivo afirmar que também elas contribuirão para servir as populações e os trabalhadores, permitindo aliviar a pressão do transporte rodoviário e reduzir as emissões de gases com efeito de estufa.
A estação de São Gemil, numa zona nodal e de fronteira entre as populosas freguesias de Pedrouços e Águas Santas, na Maia, e Rio Tinto, em Gondomar, no entroncamento dos dois ramais, a cerca de três quilómetros de Ermesinde e a uns quatro de Contumil, encerra um enorme potencial de captação de utentes, com efeitos muito positivos na redução do tráfego rodoviário no eixo constituído pela Rua de D. Afonso Henriques, entre outros arruamentos sobrecarregados.
Esse efeito é ainda mais valorizado com a criação de uma estação de interface multimodal na zona da Asprela/Hospital de S. João/Pólo Universitário, a pouco mais de dois quilómetros, por um lado, e, por outro, a articulação com o interface de Ermesinde e a plataforma logística de Campo, em Valongo, sem perder de vista a ligação dos arcos periférico e periurbano da cidade do Porto à "baixa" portuense.
No que diz respeito à Maia, é importante, no entanto, uma selecção criteriosa da localização de estações ou apeadeiros intermédios, especialmente entre S. Gemil e Ermesinde, colectando utentes da zona do Alto da Maia, por exemplo, densamente urbanizada, e cruzamento de importantes vias.
Caso contrário, arrisca-se a adiar por muito mais tempo o objectivo pretendido e a lançar a descrença entre as populações
O que a CDU propõe insere-se numa estratégia integrada e sustentada de transportes colectivos, articulando os modos ferroviários pesado (CP) e ligeiro (Metro), para a qual são indispensáveis as extensões das linhas do Metro entre o Hospital de S. João e a Maia, servindo Pedrouços, Águas Santas, Gueifães e Vermoim, e entre o ISMAI e a Trofa, e rodoviário
Tal estratégia só é possível numa lógica de serviço público e na esfera de gestão pública, voltada apenas para os interesses das populações e do seu direito ao transporte atempado, seguro, fiável e confortável.
Tal estratégia integrada impõe também a consagração da STCP como operador interno do serviço público de transporte rodoviário de passageiros na Área Metropolitana do Porto ou, pelo menos, numa primeira fase, dos seis concelhos servidos pela empresa, com a anulação do desastroso concurso público para a concessão do transporte a operadores privados, que o PCP e a CDU têm denunciado como contrário aos interesses das populações e dos municípios.
Com uma CDU reforçada em número de eleitos, nomeadamente nas assembleias e nas câmaras municipais, tais objectivos são cada vez mais possíveis.
Alfredo Maia defendeu uma estratégia integrada de transportes, de gestão pública e ao serviço das populações Fotos e citações de Jerónimo de Sousa extraídas do sítio do PCP. |